ENQUANTO A CHUVA CAI

 

Chove... chuva fina,

Sobre a colina,

Venta... vento brando,

Clima de saudade,

Lembro-me quando,

Eu era uma moça-menina,

Na adjacência da cidade,

A chuva caia,

Eu não resistia,

Ia na poesia de liberdade,

Eu sentia, me envolvia,

Com a densidade,

Eu tinha intimidade,

Com a estação chuvosa,

Outubro, novembro,

Dezembro, janeiro,

Bem me lembro,

Chovia o tempo inteiro,

E eu adolescente,

Corpo carente,

Adorava a roupa colada,

Na tez,

Eu dava intervalo para a lucidez,

Abria a alma para a loucura,

Ah! Eu sonhava,

Como eu sonhava,

Com um amor ardente,

Fora das entrelinhas,

Eu ignorava a censura,

Inventava o amor,

O sensório panorama,

Como eu amava,

Dois corpos rolando na grama,

Isentos de pudor,

Eu imaginava,

Eu era uma rainha,

A florescência

Eu exercia a cumplicidade,

Promovia a  fantasia,

Da adolescência,

Eu era feliz; ainda que sozinha.

Eu não tinha,

A solidão,

A decepção,

O vão que tenho agora,

Uma fragmentada senhora,

Nas dobras da realidade,

Uma rainha sem rei,

Erraram, errei...?

Erraram muito mais do que eu,

Nos desencontros da via,

O meu sonho se perdeu.

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Para minha mãe.