Sol ao fim da tarde

Ao seu por clarear

E ao sol nos abandonar,

O laranja do olhar.

Onde os ímpios não têm vez,

E o talento, com tua altivez,

Mal se lembra o som,

Mas sempre se lembrará dele,

Pois nunca estará fora de dúvidas.

A luz se apaga em despedidas,

Aos poucos, a falecer,

Mesmo sem merecer,

Deixando o chão quente e as árvores vívidas,

Antecedendo as grandes trevas lívidas.

Sem desejos melancólicos, você parte,

Em busca de outro lugar na Terra,

Talvez para iluminar as mentes em guerra,

Nos deixando adormecer no frio

Ou caminhando por entre a solidão,

Até desmaiar de tanta exaustão.

Você deixa memórias de um antigo "mim",

Aquele que não importava sujar o jardim,

Que observava você sangrar a luz amarela,

Mesmo que olhasse pela janela.

Só queria te ver antes de deixar ir,

Na época em que a vida deixava usufruir

Do azul antes do grande estrelado,

Onde o romance e o céu andam lado a lado.

Tempos de vida, tempos de diversão,

Antes de qualquer paixão,

Antes da conhecida emoção,

Antes de toda preocupação.

Tempos de brincar,

Tempos de festejar,

Tempos de sonhar,

Tempos de cantar e dançar.

Infância que não volta mais.