Infância

Lembro da velha paineira,

branquinha como algodão.

Lembro do travesseiro,

tão macio tecido a mão.

Lembro do velho balanço,

que ninava a minha infância.

Lembro de fechar os olhos,

nos meus sonhos de criança.

Ah, e aquele céu tão lindo...

Quando deitada nos gramados,

observava as nuvens surgindo

e os desenhos serem moldados.

Tinha urso, fada e dinossauro,

tudo desenhado no céu.

E ali mesmo no gramado,

transportava tudo pro papel.

Lembro da roupa branquinha,

bailando ao vento no varal.

Lembro de uma menininha,

de pés descalços no quintal.

Lembro da velha cama de mola,

do ranger do colchão em dias de frio.

Lembro do andarilho pedindo esmola

e dos deliciosos banhos de rio.

Lembro dos joelhos ralados,

dos "quando você casar sara".

Do mercúrio nos esfolados,

enquanto franzia a cara.

E a tão sonhada escolinha,

na fazenda lá do outro lado.

Da meiga professora Mariazinha

E de fugir correndo do gado.

Lá atrás ficou a minha infância,

num bairro com nome de Sessenta.

Num sítio distante de tudo,

entre os anos setenta e oitenta.

Katia Marques
Enviado por Katia Marques em 12/01/2025
Código do texto: T8239486
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