Trem bala: tempo
Ouvi tua música favorita.
Presente.
Passado.
Futuro.
Mas o futuro existe?
Ou será apenas um reflexo do agora,
um eco do presente estendendo-se na neblina?
O passado... ah, o passado existe.
Como trilhos antigos sob o trem-bala do tempo,
carregando lembranças que nos moldam,
a trilha sonora de um percurso inesquecível, mas que passou. Passado.
O tempo, veloz,
escorrega entre os dedos como grãos de areia,
uma ampulheta a esvaziar-se incessante.
O passado é uma estação,
onde descemos para revisitar memórias,
mas jamais para permanecer.
E o presente?
É uma folha em branco,
Para ser escrita.
Cada instante vivido agora
é semente de um futuro que já germina. Futuro que é presente.
Afinal, não é o futuro apenas um presente disfarçado? Não existe só dois tempos? Passado e presente que é futuro?
Um agora projetado, moldado, feito à mão?
Ouço tua música.
Ela dança entre os tempos.
Passado.
Presente.
E o futuro, que é sempre o agora.
E no ritmo dela, compreendo:
o tempo é um trem eterno,
percorrendo trilhos invisíveis,
onde o passado, o presente e o futuro
são apenas paisagens de um mesmo itinerário, ou não!