Ruas Caminhadas

Dez anos se passaram desde que deixei a cidade,

Recentemente, voltei pra lá, meio por saudade.

Poucas mudanças, quase nada alterado,

É até engraçado, parece que o tempo ali foi parado.

Em uma década, só o mato foi aparado.

Andando por ruas onde, quando criança, corria,

De bicicleta, subia e descia sem ter medo do dia,

Percebi que cresci, mais alto fiquei,

O que era gigante, agora, miniatura enxerguei.

Por cada esquina e praça, um eu antigo eu via,

Uma fagulha do que fui, que hoje em mim renascia.

O filósofo, o questionador, o inventor esquecido,

O artista enterrado, que eu mesmo tinha reprimido.

É triste e feliz ao mesmo tempo esse reencontro,

Essa dualidade que me deixa viver sem confronto,

Revisitando o passado e o que nele deixei,

Descobrindo, de novo, os pedaços de quem sou e serei.