O QUINTAL DO MEU AVÔ

O QUINTAL DO MEU AVÔ

No quintal do meu avô

Rodeado de muros altos

De pedra trabalhada, revestido de heras,

De muitas eras;

Abrigo de passarinhos e seus ninhos,

E de mistérios que também havia

Com seus ledos segredos,

Mas que só eu conhecia.

O quintal do meu avô Benjamim

Era meu mundo à parte, e jardim;

Só uma flor perfumada que lá encontrei

Valia mais que todas as outras flores;

Até o velho do saco debruçado sobre o muro

Do lado que o sol nascia,

Juro tê-lo visto lá, certo dia

Acho até que a querer pular o muro.

A tal visão do velho do saco

E outras coisitas mais

Que não vou aqui contar

Não são lorotas ou brincadeira,

E quanto á história do velho do saco

Chego até a desconfiar

Que fui eu o primeiro a contar

Tal história e, a verdadeira.

Lembro também da tia Rita do Portivêlho

Lugar pertinho donde o cuco cantava,

De saia quase até ao artelho

Sentada em sua máquina de costura

A dar ao pé, sem parar, e a dar conselho:

Dizia-me a tia, que não era tia, era só Rita,

… Meu menino, tudo o mais... ‘é fita’

Que não serve nem pra cobrir joelho,

Muitas outras histórias verdadeiras

Eu teria pra vos contar

Mas vá que desse o azar

De me chamarem menino sem tino?

Ah! Isso seria de amargar.

-Mas, e se menino da brincadeira?

Vá lá, vá lá mas, só se for

Apenas um poucochinho!...

E d’AF

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 25/11/2024
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