ERA UMA VEZ

 

Tempo de fadas,

De lúdica sonância,

De luminância divina,

De uma menina alada,

Alheia às ânsias,

Da adulta sina.

Tempo de infância,

De fragrância das flores,

De jardim encantado,

Transcendente estado,

De olhos sonhadores,

Despreocupados com a instância.

Tempo de leveza,

De (e)terna beleza,

Verdejantes paisagens,

De envolventes viagens,

Sem sair do lugar,

De colher da brisa um afeto,

Ser objeto direto,

Da liberdade.

Tempo de saudade,

De reencontrar a menina Maria,

Em algum ponto da periferia,

Necessidade de me distanciar...

Do aqui, do agora,

Entrar no mundo do Era uma vez,

Para não perder a lucidez,

E lentamente suportar,

A solidão que decora,

A minha concreta realidade.

 . . . . . . . . . .

Para minha mãe