O ARRASTÃO

Ê... o arrastão já vai começar!

Lá vai o barco com pescadores e redes.

E onde a vista já quase não alcança,

Elas são deixadas...

Na praia começa um árduo trabalho!

Homens queimados pela vida no mar,

Jovens e velhos,

Um atrás do outro,

Cordas amarradas à cintura,

Vão puxando lentamente...

É o arrastão que começa!

É quase uma luta que se trava

Entre homens e o mar...

Do esforço conjunto, tedioso, demorado,

O suor é lavado pelas ondas incessantes...

E assim que os banhistas avistam as boias,

Pontinhos brancos sobre as águas,

O burburinho começa...

Lá vem vindo o arrastão!

E mil sacolinhas, baldes e gente vão vindo também!

Uns esperam estrelas, siris,

Outros esperam peixinhos "descartáveis",

Outros, ainda, querem peixes sem fazer força...

E quando as redes vão entrando na praia,

Os pescadores se perdem e se atrapalham

No meio da multidão que se formou

E que se apossa, gananciosa, da situação,

Do tão suado trabalho!...

Aos pescadores, tão pouco fruto resta:

Meia caixa de peixes bons, às vezes...

E enquanto os "folgados" banhistas

E os pobres da terra vão se afastando satisfeitos,

Lá ficam os pescadores

A enrolarem as cordas...

A ajuntarem as redes...

A se prepararem para um novo arrastão!

Ninguém vem ajudar!...

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 12/11/2024
Código do texto: T8195201
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