O ARRASTÃO
Ê... o arrastão já vai começar!
Lá vai o barco com pescadores e redes.
E onde a vista já quase não alcança,
Elas são deixadas...
Na praia começa um árduo trabalho!
Homens queimados pela vida no mar,
Jovens e velhos,
Um atrás do outro,
Cordas amarradas à cintura,
Vão puxando lentamente...
É o arrastão que começa!
É quase uma luta que se trava
Entre homens e o mar...
Do esforço conjunto, tedioso, demorado,
O suor é lavado pelas ondas incessantes...
E assim que os banhistas avistam as boias,
Pontinhos brancos sobre as águas,
O burburinho começa...
Lá vem vindo o arrastão!
E mil sacolinhas, baldes e gente vão vindo também!
Uns esperam estrelas, siris,
Outros esperam peixinhos "descartáveis",
Outros, ainda, querem peixes sem fazer força...
E quando as redes vão entrando na praia,
Os pescadores se perdem e se atrapalham
No meio da multidão que se formou
E que se apossa, gananciosa, da situação,
Do tão suado trabalho!...
Aos pescadores, tão pouco fruto resta:
Meia caixa de peixes bons, às vezes...
E enquanto os "folgados" banhistas
E os pobres da terra vão se afastando satisfeitos,
Lá ficam os pescadores
A enrolarem as cordas...
A ajuntarem as redes...
A se prepararem para um novo arrastão!
Ninguém vem ajudar!...