A boneca dos meus sonhos
Na minha infância, nossas bonecas eram de pano
Em algumas estações do ano tínhamos bonecas de milho
As de pano feitas com carinho, pela vó Maria
As de milho, cabelos coloridos, a gente tirava no milharal da família
As de milho enchiam de beleza nossas brincadeiras
Seus lindos cabelos enfeitavam as plantações e nossas fantasias
Tinham vida curta para nossa tristeza
Mas as de pano, por muito tempo, eram nossas companhias
Até que um dia, ganhamos presentes vindos da cidade
Muitos brinquedos, que mudaram nossa realidade
Aviões, carros, bolas, bichinhos de pelúcia, ficamos encantados
Mas havia uma boneca que, para minha irmã, foi doada
Ela passou a ser o objeto dos meus sonhos e também dos meus pesadelos
Toda de plástico, inclusive, até os cabelos
Cabelos loiros, olhos azuis, vestido de bolinhas vermelhas
E já tinha uma dona, para o meu desespero
Minha irmã, no entanto, não desconfiava
Que sua boneca era minha paixão
Para brincar com ela, eu, muito cedo acordava
Depois que minha irmã descobriu, o meu mundo caiu, foi-se minha doce ilusão