A elegia que faço a ela
A D.
Não chorem... que não morreu!
Era um anjinho do céu
Que um outro anjinho chamou!
Era uma luz peregrina,
Era uma estrela divina
Que ao firmamento voou!
Álvares de Azevedo
Ah, menina,
Como foi que esta cruel doença
Roubou o brilho destes olhos,
Tão meigos e carinhosos,
Que um dia encararam os meus?
Como foi que...
Tão de repente assim
Tão jovem e guerreira,
Este infortúnio te acometera,
Trazendo, bruto, o teu fim?
Como foi? Repito, como...
Meu Deus, que notícia besta!
Que infortúnio para esta menina
E para todos que a conheciam!
Rebeldia, sim,
Não sei onde choro,
Onde que minha tristeza
Há de encontrar consolo...
Lembro daquele dia,
Em que enlaçamos as mãos,
Em que senti teu doce beijo
Mais doce que qualquer carícia
Em duas almas em comunhão.
Foram dois dias,
Que nos encontramos
E ainda sinto teu abraço,
Teu jeito lindo de fitar-me,
E de teus suspiros infantis.
Mas, certo que estás bem,
N’algum paraíso do além vida
Sendo amada por mil anjos,
Como foste amada aqui...
Tu, querida, és memória
Suaves dias de alegria,
Em que o verão e a companhia,
Eram sempre bem vindas.
Dias de amigos e festas
Onde tudo era mais simples,
Dias de nossas mocidades,
E de celebrações e amizade.
São eles, os amigos que ficaram
Que hão de brindar sempre a menina,
Que trouxe magias aos nossos dias,
E que foi subitamente morar no céu.