LABIRINTO

 

Quisera estar agora,

Longe da minha realidade,

Nas paisagens de outrora,

Onde eu realçava a fotografia,

Voava... não me cabia,

Tinha com o portento,

Uma lúdica intimidade,

Quisera o som daquele vento,

Entre os eucaliptos,

Um som, esfíngico, bonito,

Um canto de liberdade.

Quisera aquela aquarela,

Esperar pelo pai, na janela,

Ter a certeza que ele voltaria...

Para mim, para Maria.

Quisera não coloca-lo, na pauta,

Não sentir tanta falta,

Como hoje, sinto.

Quisera não estar nesse labirinto,

Nesse eu, isento de ternura,

Mas, a vida é dura,

Rasuras, rupturas, danos,

Um viés soberano.

Quisera inventar a felicidade,

Como inventava antes,

Ter o olhar triunfante,

Ante a periferia,

Vislumbrar sonhos além...

Quisera não ter essa saudade,

             ...Mas, ela sempre vem.