UM POEMA PRECISA-SE
UM POEMA É PRECISO
É preciso ,é necessário
Um poema, com a ternura
A doçura e magia,
Das cerejas que eu dividia
Com os melros cantadores
No cimo da colina da Almoínha,
O lugar preferido
De melros e outros seres alados,
Que ali cantavam hinos de louvor
A Jesus Nosso Senhor.
Ter meu rio de águas a gorgolejar
E de salgueirais a bordejar,
Abrigo dos rouxinois
Com seus cantos de fazer sonhar
Nas noites cálidas de luar,
Ao jeito da mãe a embalar seu filhinho;
E depois acordar
Com a mágica melodia, da cotovia,
Anunciando o romper do dia
Antes do galo cantar.
Ah, poema amado poema,
Que me dás tanta pena
De não mais ser assim;
Porquê fugiste de mim
E roubaste àquela criança
Um mundo que era seu e real?
Não, não te culpo por minha pena
Pois não és a única pena;
É a vida,é a vida,
E da vida nada sabemos, afinal?...