Para onde vamos quando sonhamos?
Para onde vamos quando sonhamos?
Duas vezes sonhei contigo, Carolina,
Muito tempo depois de partirmos,
Que saímos da vida um do outro,
Fugimos um do outro, do karma,
Dos sentimentos muito intensos,
Mistura de raiva e amor,
Ressentimento e desejo,
Ficção e verdade imiscuidas,
Das coisas que eram inevitáveis,
Adiadas, proteladas, sonegadas,
Palavras que evitavamos pronunciar,
Na primeira vez, antes da pandemia,
Você usava uma blusa amarela,
Cor que não era de sua preferência,
Você me puxava pela mão decidida,
Estávamos em uma festa movimentada,
Muitas pessoas, música alta, namoros,
Não lembro de reconhecer ninguém,
E você me puxava para me beijar,
Eu acordava com seu gosto na boca,
Na segunda vez, o sonho foi esse ano,
Não havia uma imensidão de pessoas,
Nem tanto barulho, nem namoros,
Mas era um lugar público, mais vazio,
Você vinha até mim para mais um beijo,
Sem diálogos, sem explicações,
Sem quaisquer firulas ou timidez,
Você só se lançava a mim e me tomava,
Como se eu fosse tua propriedade,
Como se eu sempre tivesse te pertencido,
Como se tivéssemos uma história antes,
Além da história confusa que vivemos,
Para outro tempo, no futuro adiante,
Você só tomava posse e sorria,
Por isso pergunto novamente:
Para onde vamos quando sonhamos?