Cinzas de um Outono
Cinzas de um Outono
Era pássaro e um caminho, estrada de folhas caídas.
Levara de trilha e boiada, curvas e ipês.
O carro gemeu no monte, a moça avistou da janela.
A última pétala tombou e riacho, descansou na toada de ventos.
Outonos e meninos, duram só uma estação, como trem que grita apressado.
Escorreu a cor, secou o pau, o ninho morreu.
Tão cinzas são os dias, o sono e preguiça do tronco.
Um desânimo de seiva, é.
Tombou de manto e frio, o sabiá não cantou tão cedo.
Era gélida a terra, doía de sementes e feiúra.
E num Sol que bem insiste, abriu a membrana e pálpebra.
Trouxe uma cantiga o bem-te-vi, que tão bem viu a partida do cacundo feio com seu paletó.
Assoviou um passaredo de capela, voou por sobre a colina.
Campais e Marieta, de vestes santas, sorriso e cheiro de moça tenra.
Exala na brisa nova, aromas de primavera.
Fecundo o ipê, a menina bem donzela.
Era pássaro e um caminho...
João Francisco da Cruz