Velhas Lembranças
Vai o tempo, o relógio trapaceiro, as águas de meu riacho, aquele amor de outrora.
Junto ao Sol que vai dormir, um pouco deste meu eu, morre.
Uma saudade de varanda, de rede e balanço de prosa.
Da casa velha da estrada, da cabocla tão formosa.
Bem querer de meu amor, quisera voltasse no tempo, prendia o velho relógio, soltava no vale dos ventos.
E a canção que entoava, ouvia se bem ao longe, a voz macia, faceira, deste amor que não vem mais.
E o luzeiro de parede, telhado preto de cinzas, o fogão de vermelhão, milho na chapa bem quente.
E tal como correnteza, devasta o tempo e águas, leva, inunda coração, massacra na lama corrente.
Leva o amor e mata a alma, seca por dentro, um deserto.
Resta se então, oh, saudade, a casa velha e ruínas, sinais que o tempo apagou, insiste à dor da lembrança.
João Francisco da Cruz