Havia um pé de seriguela no quintal
Havia um pé de seriguela no quintal
Doces, doces como a vida deve ser
Atrás da casa nem somente acolhedora
Casa de acolhida abrigo familiar
O terreiro com galinhas, perus, porcos
Saqués, saqués, tou fracos, tou fracos,
As rodas de asas dos perus fazendo o cerco.
O pé de maçã, a macieira pequena protegida pela sombra,
O papagaio chamava a todos, os meninos, as meninas, as tias,
Pedia arroz, me dá arroz, me dá arroz, Tevina.
E vó Teté pilava café e licuri no pilão e fazia sabão de soda
A mesa grande cabia a todos, os óleos de coco e de licuri,
A pimenta malagueta, os peixes, as melancias, a rapadura e o café
As conversas, os casos, as lembranças, as histórias, as risadas
A sua bênção, padrinho João, e a bênçãos de todos, avós, tios e tias
O curral, as vacas, os bezerros e os bois a mugir, mugir
Muito mugido, muitas vacas, muitos bezerros e os aboios
Aboiadas, boiadas, os chocalhos, o cheiro de curral
Tio Francisco aboiando de longe no cavalo, a voz no horizonte.
O vento, os ventos, as folhagens balançando, os redemoinhos,
As rolinhas fogo apagou, fogo apagou, fogo apagou, uô, uô
A casa de farinha, os milhos quentinhos, os beijus
A seriedade de tia Nilce também contando casos
A poeira, as poeiras, a estrada, os pés de licuri,
A chuva, cheiro de chuva na terra molhada
Os cavalos, os passarinhos, a casa, o café quentinho,
As notícias da Água Branca, do bezerro que nasceu,
O curral dos bezerros, as tarefadas de farinha, os rodos no forno
A cisterna, a água da cisterna, a varanda, a varanda
Os ô de casas, ô de fora, ô de casa dos chegantes, dos visitadores,
O ô de fora dos donos da casa, o se achegue, apeie o cavalo
O riso bonito, alegre e contente de tia Creuza.
A casa de meus avós, vô Zinho e vó Teté.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 26 de fevereiro de 2022