MOCIDADE

MOCIDADE

Neste momento em vós estou pensando

e na nossa sincera amizade,

e como o tempo foi passando

desde a nossa mocidade.

Sempre revejo com nostalgia,

esses belos tempos de então

tendo-os por companhia

e presentes no coração.

Mocidade pobre, porém alegre e feliz,

aquela que nós tivémos

foi Deus que assim o quis,

e nela boas amizades fizémos.

Riquezas, essas as não havia,

mas sim amizade e atenção,

e na mocidade se sentia

amor e compreensão.

Sabem bem ao que me refiro,

cada um fazia o que gostava,

eu era maluco pelo tiro

e outros desportos praticava.

Cheguei a Chefe de Quina,

a de Castelo não alcancei

por causa do Vitamina

o curso abandonei.

Nas provas de campo era um mito,

e todas elas ganhei,

tornei-me quase um perito,

naquelas que participei.

Sempre bem orientado,

e com a bussola na mão,

aprendi a ser soldado

essa a minha vocação.

Televisão podiamos ver

e alguns jogos praticar,

livros eram para ler

e nossa cultura aumentar.

Foi nesse tempo de então,

que nasceu nossa amizade,

são tempos que já lá vão

que recordo com saudade.

Nossos passeios a Viana,

para o Gama acompanhar

sempre que lhe dava na gana

ir ver e com a Laura namorar.

De Évora a Vila Viçosa fomos,

toda a noite a pé, a caminhar,

por vezes parvos nós somos,

só para na igreja tocar.

Piscina essa a não havia,

no Degebe nós nadava-mos,

o pego do Batouco servia,

5 kms caminhava-mos.

O Carlos Tojo me acompanhava

nas coisas da natação,

muitas braçadas ele dava

rápido aprendeu a lição.

O Zé peúga, Botico e Loução,

outros dos meus companheiros

e o Fonseca campeão

foram esses os primeiros.

O Quimbé, irmão do Gino,

com o Vicente andava mais

mas, cantava o nosso hino

convivendo com os demais.

Juntos bastantes vivemos,

na cidade que de berço nos serviu

por isso não esquecemos

o Tojo que já partiu.

O Gino companheiros das coboiadas,

comigo sempre alinhou

apanha-mos grandes camadas

mas nada em nós mudou.

Sua prima quis conquistar,

mas o Pão Mole escolheu,

e eu tive que me afastar,

minha esperança por ela desapareceu.

Vós nesse jardim ficaram,

e eu, para longe segui,

outras águas vós sulcaram

e eu, na marinha servi.

Contra as ondas e marés lutando

nesse Pacífico que não o é

eu lá ia recordando

o Gino, Gama, Tojo, Loução e Quimbé.

Mocidade e amizade

só esta última restou

e, para vos falar a verdade

velho e caduco já estou.

Por isso aqui estou,

tentanto poesia fazer

e, para quem pouco estudou

escrever é um prazer.

Eu na Àsia vou ficando,

com a mocidade perdida,

os anos foram passando

enfim, faz tudo parte da vida.

Mas a amizade cá perdura

e todos os dias é recordada,

tal lua em noite escura

mantendo a mente iluminada.

A todos quero agradecer,

vossa amizade e gratidão,

nunca os irei esquecer

estão juntos no coração.

Com as devidas saudações,

deste modo me despeço,

vivendo de recordações

e, saúde para vós a Deus peço.

ALENTEJANO ORIENTAL
Enviado por ALENTEJANO ORIENTAL em 06/01/2008
Código do texto: T805117