Navona
Estamos aqui, uma vez mais,
pousados como matreiras aves,
ao lado dos transeuntes turistas,
apoiados na barra de ferro circular
que abraça o vetusto chafariz central
da piazza Navona, antiga e romana.
Os quatro gigantes de Bernini estão
a representar os quatro rios do globo;
Da Europa, da América, da África, da Ásia,
em movimento e expressão eternizados,
Na pedra barroca exposta ao tempo,
zombando sutilmente da arte de Borromini.
Nesta idílica tarde primaveril,
o azul dessa fonte traz serenidade,
refletindo a harmonia celestial;
e o som dos quatro jorros d'água,
ao encontrar as demais águas caídas,
distenciona-me a mente e o coração
Engenho do artista que revela,
a antropologia e a beleza das formas,
nas pedras barrocas, amareladas ou brancas,
que dependem da luz, da pura água,
do vento, dos pássaros, do azul celeste,
para manifestar toda a sua nobreza e encanto...
A pedra branca entrou no meu coração
e nele imprimiu a forma da razão e da arte
do "eros" e do desejo da estelar harmonia
que cinge o sagaz espírito da história
afirmando-se destemido na matéria,
na natureza, na expressão do "lógos" e da paz
Roma, 17. IV. 2024