O CANOEIRO
Foi numa grande festa
na favela de palafitas
que um velho canoeiro
Confrontou a dama de salto agulha;
— Oxê! A força da queda d'água
deu busto de pedra ao rio, e a mesma água
não dá conta de regar uma flor?
— Mais luz, por favor, filha! Haja secura!
O sapo coaxa tão feio
e só o velho resmunga?
As flores de aguapés
forram de lilás o espelho da Lua, e lilás cura.
Canoeiro vive sem camisa
O moço da gravata borboleta
Foi "cantá" folia de sabe-tudo
Disse que Remo era irmão de Rômulo,
fundador de Roma. — Bicho besta!
E eu não sei que, se deixar com ele, a canoa afunda.