ALGUÉM DE VERDADE
Dos olhos vertiam diamantes
Onde teu rosto era o precipício
Teu sangue não continha corante
Já que o coração era feito de vidro
Uma vez no habitáculo do abraço
Escolhia o seu par para a dança
Sem a tirania de um carrasco
Tampouco exigia uma fiança
Os lábios desabrochavam em flor
A medida que eram intumescidos
Duas linhas assimétricas e bordô
Justamente ali morava o perigo
As mãos aninhadas nos cabelos
Fazia me sentir um passarinho
A paixão refletida no espelho
O amor ascendia o mezanino
Impossível sair incólume e imune
Em face do semblante de regozijo
Inebriado deste tórrido perfume
A sensação de sentirmos vivos
O sentimento suplantava as bocas
Mas a sublimação causava arrepio
Ora as almas trocavam de roupas
Ora os corpos acionavam o gatilho