ALGUÉM DE VERDADE

Dos olhos vertiam diamantes

Onde teu rosto era o precipício

Teu sangue não continha corante

Já que o coração era feito de vidro

Uma vez no habitáculo do abraço

Escolhia o seu par para a dança

Sem a tirania de um carrasco

Tampouco exigia uma fiança

Os lábios desabrochavam em flor

A medida que eram intumescidos

Duas linhas assimétricas e bordô

Justamente ali morava o perigo

As mãos aninhadas nos cabelos

Fazia me sentir um passarinho

A paixão refletida no espelho

O amor ascendia o mezanino

Impossível sair incólume e imune

Em face do semblante de regozijo

Inebriado deste tórrido perfume

A sensação de sentirmos vivos

O sentimento suplantava as bocas

Mas a sublimação causava arrepio

Ora as almas trocavam de roupas

Ora os corpos acionavam o gatilho

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 18/02/2024
Código do texto: T8002024
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