Quarta-feira de Cinzas
Me lembro com saudosismo da quarta-feira de cinzas,
Dos tempos de minha infância, da minha vida de criança,
Acordar cedo era de lei, fazer obrigações para todos os "reis", meus queridos irmãos, que não tinham nenhuma missão,
Ir a igreja também era obrigação, os ritos eram uma tradição,
A cruz de cinza na testa, para relembrar do Cristo, em como venceu todas as tentações,
E de que eu também deveria ser a sua imitação,
Ser sempre uma boa menina, sem desejos próprios ou aspirações,
Não é disso que tenho saudades, mas da minha mocidade,
Que apesar das contradições tinha todas as projeções de não ser uma réplica de "mansidão e benevolência", disfarçando minha inconformação,
E foi assim que cheguei até aqui,
Com muita luta e resistência, mas livre de toda essa doutrinação...