A minha consoada

A minha consoada (consolação)

Noite de natal

Nesta noite
Só tenho
A noite fria
Mas mais frio ainda
Está o meu coração
à minha volta, um imenso vazio
Não, que faltem, os enfeites tradicionais.
E tenho o presépio
A mesa está posta
A toalha, não é aquela dos outros natais.
Nem as iguarias, são iguais.
Já não sinto desejo,
de pôr o avental.
Aquele, que era da minha mãe.
Agora, tudo o que vejo.
Em cima daquela mesa.
Que foi, de grandes alegrias.
São só fantasias, de uma noite,
que a sinto tão artificial…
Até o pinheiro
já não é verde.
Compram-se, e são feitos,
de certos e modernos materiais.
Aquele, donde se tiravam uns ramos,
Sem o danificar
e, que se enfeitava de luzes,
de todas as cores
em louvor de Jesus Nosso Senhor.
Esse ficou longe.
Que terá sido feito dele.
Já se passaram alguns anos.
Agarrado à terra ficou.
E lembro-me.
Que, no seu tronco, lhe dei um afago.
Quando, dessa terra de guerra nos retiramos.
Estava ao lado, do pé de mangueira.
Ao lado da palmeira.
Agarrei-me a eles e chorei.
Um de cada vez.
E pareceu-me.
Que também se despediam de mim.
Assim como o fiz,
com todas as flores.
E com as outras arvores do jardim.
Quando fechei o portão
Olhei para traz. Não!...não foi ilusão
Eu vi, que abanavam os seus ramos.
Era da minha comoção? Ilusão?
Não! Eles…disseram-me adeus.
Sabiam, que eu não iria voltar.
Lá fora a consoada! Era uma consolação.
O calor apertava.
Não se fazia fogueira, para nos aquecer-mos.
Tínhamos o calor do coração e,
a nossa grande afeição.
A mesa, era grande,
todos cabiam.
Era cá fora debaixo do telheiro,
no quintal.
Ali, se juntava a família.
na festa tradicional.
Os anos passaram.
Eu tenho a mesa posta,
mas, há já muitos lugares vazios.
Ali quedam apenas,
as imagens feitas pela minha ilusão
Todos estão ali, em pensamento.
Ninguém falta, à chamada pra mesa.
Parece, que estou a ouvir a voz da mãe.
Dizendo! Então!
está tudo pronto, e vai esfriar.
Ela estava esgotada de tanto cozinhar.
E já lhe apetecia descansar.
Mas fazia tudo, com o grande amor e paixão.
Quando todos, rodeando a grande àrvore
Tentando imaginar depois as prendas.
que iriam receber.
Acho que os adultos, eram mais crianças.
Tinham os olhos brilhantes de esperança.
aliavam-se à meninada.
Tecendo louvores ao presépio.
Já feito, por mim, com algum despreendimento.
Não fora o menino Jesus, essa figura pequenina.
que tenho verdadeira adoração .
Que é o elemento principal, da festa do natal.
Parece-me que já nem presépio faria.
Falta a alegria.
E até entendimento.
A família esta dividida, cada um no seu canto.
É que já somos tão poucos, para uma mesa
que ainda tem o mesmo tamanho.
Mas, que acolhe apenas num cantinho.
Nós os desta família que restamos.
Mas, que temos agora?
Apenas o silêncio e, muito magoado.
E, apetece-me sentar, ali naquele lugar...
Que foi sempre especial.
E colocar lá a cabeça
Sobre a mesa.
Para sentir o afago,
que sei, que alguém me vem dar.
Para me consolar.
eu sei que o vou sentir
e talvez, depois, sem o querer...adormecer
sonhando que estou lá longe
noutro tempo
que não voltará jamais


De t,ta
Dezembro de 2007
Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 01/01/2008
Código do texto: T798832
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