"DELICADO"

hoje senti o cheiro

do capim gordura

do sítio que ia

quando pequena

meu nariz dilatou

estava forte

trouxe a infância

para a empresa

talvez algo por vir

ali estava no presente

não teria motivo

para fazer sentido

a poema explica

as lâminas foliares dum aroma

a gordura do capim

conservou o que era bom

os cheiros de tudo

do rio que formava piscinas naturais

do dia que trombei na árvore podre

tirei parte dela de dentro de mim

os fungos conectaram-se carvalho

sou florestal com clorofila

árvore mãe

através do capim gordura

a banha do porco

fixou o grito

enquanto morria

comemos carne

de tatu

o chorinho

diferente do porco

ia 147

"carinhoso"

na fita cassete

"naquele tempo"

sem " lamento "

seguia para o agora

nos "botões de laranjeiras"

num "pedacinho do céu"