CONFISSÃO BRASILEIRA

Depois de ter servido às armas,

comecei cedo num escritório,

sentado datilografando longos

relatórios, em contato com a palavra.

Os chefes que tive me davam

tapinhas nos ombros, o que

queria dizer que gostavam

do meu trabalho. E eles pegavam

o que eu fazia e mandavam

para a gráfica e me mostravam

o resultado impresso e publicado

e eu me orgulhava. Mas a máquina

de datilografia ficou obsoleta e

veio o computador pessoal. E eu

com alguma economia comprei

um deles para mim e mandei

entregar na minha casa.

Veio a Internet, eu vi os anúncios

lá de editoras. Sem largar o

emprego me aventurei a publicar

escritos meus. E os comercializei

de bar em bar, ganhando algum

trocado. Hoje rezo todos os

dias para que a próxima moda

tecnológica não me deixe

perdido na selva das inovações.

E peço nas minhas orações

que todos os poetas e escritores

possam trocar ideias e impressões

sobre arte poética e sobre a

arte da escrita em geral.

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 13/12/2023
Reeditado em 15/12/2023
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