CONFISSÃO BRASILEIRA
Depois de ter servido às armas,
comecei cedo num escritório,
sentado datilografando longos
relatórios, em contato com a palavra.
Os chefes que tive me davam
tapinhas nos ombros, o que
queria dizer que gostavam
do meu trabalho. E eles pegavam
o que eu fazia e mandavam
para a gráfica e me mostravam
o resultado impresso e publicado
e eu me orgulhava. Mas a máquina
de datilografia ficou obsoleta e
veio o computador pessoal. E eu
com alguma economia comprei
um deles para mim e mandei
entregar na minha casa.
Veio a Internet, eu vi os anúncios
lá de editoras. Sem largar o
emprego me aventurei a publicar
escritos meus. E os comercializei
de bar em bar, ganhando algum
trocado. Hoje rezo todos os
dias para que a próxima moda
tecnológica não me deixe
perdido na selva das inovações.
E peço nas minhas orações
que todos os poetas e escritores
possam trocar ideias e impressões
sobre arte poética e sobre a
arte da escrita em geral.