Guardando o que é bom
Algumas vezes errei
Me magoei
Sacudi o pó e fui em frente
A dor maior era quando feria alguém
Porque em mim nascia uma lástima
Refletia
Respirava fundo
Junto com o mundo
Depois me refazia
E de novo
Me renovava
Logo esquecia
De que adiantaria
Guardar no âmago
Restos e migalhas?
As boas gargalhadas
Me deixavam feliz
Eu um simples mortal
Ali no quintal
Junto aos pássaros
Galinhas cacarejavam
A cigarra anunciava o calor
Eu pisava descalço aquele chão
Colhia com um impulso uma manga madura
Isso é felicidade
No dia adiante
Já esquecia
E não repetia os erros
De outrora
Se a quem feri passasse por mim
Eu simplesmente olhava no olho e sorria
Com cumprimento de um bom dia!
Chega uma hora que não dá pra ficar remoendo essas coisas
Que tanta gente guarda
Minhas gavetas já estão cheias demais
Em cada canto da casa um acúmulo de poeiras
Que só me dão rinite
Chega um tempo que não há mais tempo de acumular mais nada
Simplesmente
Precisamos do que é bom
Sem tanto apego