Guardando o que é bom

Algumas vezes errei

Me magoei

Sacudi o pó e fui em frente

A dor maior era quando feria alguém

Porque em mim nascia uma lástima

Refletia

Respirava fundo

Junto com o mundo

Depois me refazia

E de novo

Me renovava

Logo esquecia

De que adiantaria

Guardar no âmago

Restos e migalhas?

As boas gargalhadas

Me deixavam feliz

Eu um simples mortal

Ali no quintal

Junto aos pássaros

Galinhas cacarejavam

A cigarra anunciava o calor

Eu pisava descalço aquele chão

Colhia com um impulso uma manga madura

Isso é felicidade

No dia adiante

Já esquecia

E não repetia os erros

De outrora

Se a quem feri passasse por mim

Eu simplesmente olhava no olho e sorria

Com cumprimento de um bom dia!

Chega uma hora que não dá pra ficar remoendo essas coisas

Que tanta gente guarda

Minhas gavetas já estão cheias demais

Em cada canto da casa um acúmulo de poeiras

Que só me dão rinite

Chega um tempo que não há mais tempo de acumular mais nada

Simplesmente

Precisamos do que é bom

Sem tanto apego

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 23/10/2023
Reeditado em 28/10/2023
Código do texto: T7915484
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