CASA DE TAIPA
Maravilhosas são as histórias
Que meu pai sempre conta,
Da sua infância simples.
Ele morava numa casa de taipa,
próximo da Praça da Priquitinha,
Na pacata Coqueiro Seco.
No tempo em que não havia televisão,
As crianças se divertiam nas ruazinhas e quintais.
Não falta criatividade!
Brincavam com os brinquedos que inventavam,
E também ajudavam os pais na lida.
Do Alto de Lére, ele e mais ir irmãos brincavam correndo pela areia até se banharem na beira da
Lagoa Mundaú.
Lá avistavam bem longe o meu avô a pescar.
Havia fartura de peixe na lagoa,
Muita carapeba,
Tainha, manjubas.
Além de ostras ( que naquele tempo era comida somente de pobre), sururu, e mais outros mariscos.
Meu pai ajudava a despinicar o sururu.
Despinicar significa limpar, tirar da casca,
Para meu pai e os irmãos era tudo como se fosse brincadeira.
E assim ele trabalhava,
E a família unida.
Retrato do amor.
Meu pai também conta
Que o avô dele era um agricultor,
Tinha um sítio
E nele tinha muitas plantações:
Melão, melancia, maxixe, amendoim,
Macaxeira, jerimum,...
E no final da tarde
Lá vinha ele pela estrada,
Cansado do trabalho e também da caminhada de alguns quilômetros a pé.
Vinha com a enxada e trazia também algumas frutas para
A alegria dos netos.
Meu pai e os irmãos ajudam meu avô com os sacos de frutas e legumes.
Eles também disputavam quem iria comer a sobra da marmita do avô.
Era uma comida saborosa.
Comida do Nordeste é saborosa
E por falar em sabor.
Lembrar uma época boa vivida
É perfumar o coração
Lugar onde habitam as doces recordações.
Eu estive há alguns anos
Na casa de taipa onde meu pai, meus tios e avós moravam.
Ah, eu viajei para um mundo que eu não vivi.
Mas, sem dúvida, como eu queria ter vivido!...
( Autor: Poeta Alexsandre Soares de Lima )