Consolo
Depois de um tempo não haveria de acontecer
Qualquer coisa, movimento entre o dia e a noite;
Não, não haveria de despertar antes do anoitecer;
Antes que algum motivo silenciado invadisse o corpo
Perfurasse a mente e dilacerasse o peito
Fumaria um cigarro, e depois engasgaria feito louco;
Um motivo talvez para expulsar demônios
Para acalantar desejos
Desesperados sem tempo para cortejos
Sem vontades de esperar
Olhou por um instante a vida
E sentiu um abraço apertado
Feito quando era criança e tudo era motivo
Para um choro ou um consolo
Agora estava calado
Dormia quase sistematicamente
Na esperança que o dia acabasse
Que ninguém mais desejasse
Que não fosse necessário
Pensar, ou...
Morrer
Mas as necessidades eram passageiras
Como tudo que passa por um tempo
E depois se esquece o nome ou a face
Não era preciso mais ter medo
O fim era o mesmo depois que se deitasse.