MINHA CIDADE

MINHA CIDADE - João Nunes Ventura – 08/2023 - ( Esse poema foi por mim escrito em 06/2008)

Cadê minha cidade

Onde criança eu vivia,

Cadê aquela alegria

Das serestas ao luar,

Cadê aquele sanfoneiro

Que uma canção tocava,

E no salão eu dançava

Até o dia despertar.

Cadê aquele balanço

Que tinha lá na praça,

Cadê aquele abraço

Tu me davas com amor,

Cadê nossa bandinha

E os fogos de pipoco,

Neste sertão de caboclo

De vovó e de vovô.

Cadê aquele vestido

Que tu sempre usavas,

Linda na rua passavas

Todo feliz e sorridente,

Cadê aquela festança

Que ficou lá para traz,

Tanta falta ela me faz

Hoje tudo é diferente.

Cadê aquela fogueira

E nas festas me divertia,

Cadê aquela melodia

Tu cantavas com fervor,

Cadê a nossa simpatia

Das noites de São João,

Quando subia o balão

Abençoando nosso amor.

Cadê aquele balãozinho

Que para o céu subia,

E uma luz se acendia

Colorindo nosso lugar,

Cadê aquela quadrilha

E meu forró pé de serra,

Que animava minha terra

Gostoso de se dançar.

Cadê aquele riachinho

Que na cidade existia,

Cadê aquela magia

As águas mês de agosto,

Cadê aquela formosura

Que nas danças de salão,

Matava qualquer cristão

A beleza do teu rosto.

Cadê minha namorada

E meu banho de cascata,

Cadê aquela mata

E me escondia pra brincar,

Cadê meu lindo xodó

E aquela minha rede,

Que estendida na parede

Gostava de me balançar.

Cadê aquele trem

Que partiu da estação,

Magoando meu coração

Quando levou meu amor,

Cadê as minhas coisas

E o coreto da matriz

Meu Deus eu era feliz

Nas terras do meu vovô.

Cadê aquela igrejinha

Em que você cantou,

Uma canção de amor

Ajoelhada ao altar,

Cadê aquela promessa

Que diante de Jesus,

Abraçada a uma cruz

Jurastes um dia me amar.

Cadê aquela linda foto

Que um dia a gente tirou,

Lembrança nosso amor

Lá no banco da pracinha,

E cadê aquele lencinho

Que um coração desenhei,

E tuas lágrimas enxuguei

Ao te encontrar ali sozinha.

Cadê aquela cartilha

Que ensinou a letra certa,

E foi lá eu me fiz poeta

Pra conquistar teu amor,

Cadê o teu beijo ardente

Que lá no sertão deixei,

E aí ao sertão só voltei

Quando me fiz cantador.

E cadê aquela nascente

Águas puras cristalinas,

Cadê as lindas meninas

Um dia pra lá vou voltar,

E cadê aquele clarinete

Meu pai sempre tocava

E eu muito lhe admirava

Que no tempo ficou mudo

Se me lembro disso tudo

Dar uma vontade de chorar.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 14/08/2023
Reeditado em 14/08/2023
Código do texto: T7861053
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