Vetusto
Minhas juntas doem,
Não sei até quando poderei escrever,
O corpo se curva ao tempo,
A alma agoniza,
Vezes a ouço,
Pedir para morrer.
Minhas palavras estão frias,
São velhas memórias de sentimentos,
Eu ainda as uso,
Buscando sobreviver,
Uma sobrevida que as vezes me entristece,
Padeço do isolamento de lembranças,
Histórias,
Que faz a existência doer.
Minha eternidade será extinta,
Nunca editada,
Analisada,
Ou estudada.
Faço parte dessa colmeia de inconsequentes,
Sem público,
Sem platéia,
Que provocam a existência,
Perturbam ao Deus da ignorância,
E são a própria exclusão.
Inconformado ao que meus olhos vêem,
Finjo aceitar,
Toda e qualquer explicação,
Mas uma revolta,
Aqui dentro cresce,
Tento entender,
Mas não tem explicação.
Luto contra a vida,
Brigo com Deus,
Mas meu medo é maior,
E arrependido,
Rogo pelo perdão.
Busco a liberdade,
Mas o mistério me aprisiona,
Choro por noites,
Sonho com asas,
Assim como Ícaro,
Me aproximo do sol,
Sou jogado ao chão.
Consumido pela raiva,
O ódio corre nas veias,
Bombeado ao coração.
Acendo um cigarro,
Buscando organizar meus pensamentos,
Inconformismo é maior,
Tudo se faz em vão.
Queria apenas um trago,
Aceitar a imperfeição,
Ao que me for exposto,
Ser resignado,
Acolher ao destino,
E contemplar a Imensidão.
Tenho inveja dos conformados,
Daqueles,
Que abraçam a submissão,
Que temem o Deus do pecado,
Abduzidos pela religião.
Perdão a todos,
Não me dêem atenção,
Minhas palavras são meu castigo,
Meus pensamentos antiquados,
Um corpo surrado,
Acabado,
Puído,
Uma alma cansada,
Que vaga pelo tempo,
Sem encontrar abrigo.