Oportunidades.
Aquela poça d'água
Que ficou depois da chuva
Num final de tarde
Ainda arde na tua lembrança
A vontade de criança
Ter pulado nela
e lançado a lama pra todo lado
Aquela voz na tua janela
Um amigo com a bola debaixo do braço
Te chamando pra brincar
Nenhum de nós jamais saberá dizer
Porque foi que você não foi
Ou então, a goiaba amarela
Aquela, no galho mais alto
Hoje a gente sabe
Que de fato, lá ela ficou
O tempo não tem atalho
Aquele par de ouvidos
As palavras podiam ser ditas
Até hoje você se lembra
Mas não acredita
Deixa estar
A própria vida
Tanta gente sonhou
Tanto sonho se quedou pelo caminho
O pássaro no galho
No galho do ninho
O papel estava lá
O lápis também
O mais lindo poema em mente
E assim chegamos no presente
Que aflição que te dá, que te dói!
A página mais bonita
Dá a impressão
Que ela podia ser escrita
Mas não foi
Só a lama da poça
Nossa!
Essa, ficou conhecida
Como um gesto repetido
Mas aquela, do começo da vida
Secou, como todo o resto
Ficou tudo lá.
Edson Ricardo Paiva.