CHEIRO DO CAFÉ QUE MÃE FAZIA
CHEIRO DO CAFÉ QUE MÃE FAZIA - João Nunes Ventura-05/2023-(Novo formato)
Na cabine de um caminhão/Viajando no mundo afora,
Vou falar para vocês agora/Das coisas do meu sertão,
Com saudades no coração/Que tanta tristeza me doía,
Pelas estradas eu seguia/Trabalhando meu dia inteiro,
Dirigindo sentindo o cheiro/Do café que mãe fazia.
Não me lembro do meu povo/Já me esqueci do roçado,
Não me lembro mais do gado/Nem a festa do ano novo,
E cadê o seu rosto formoso/Que já esqueci como seria,
Do sertão o sorriso de alegria/tudo se foi muito ligeiro,
Mas não esqueço do cheiro/Do café que mãe fazia.
Vou dormir fico sonhando/De meus tempos de menino,
Que me divertia sorrindo/E voltava pra casa brincando,
Meu pai sempre tocando/Uma doce e saudosa melodia,
Que eu rezava Ave Maria/Lá na sombra de um juazeiro,
Eu ainda hoje sinto o cheiro/Do café que mãe fazia.
Sei e agora estou isolado/Sem meu amor entristecido,
E correndo grande perigo/De muito viver amargurado,
Sem ter você ao meu lado/Sem esperança na fantasia,
Do coração sem alegria//A viver soluçando dia inteiro,
Choro lembrando do cheiro/Do café que mãe fazia.
Da aurora de minha vida/Como tenho saudade da roça,
De minha pequena palhoça/Da minha terrinha querida
Com a lembrança esquecida/Minha vida se torna vazia,
Não tenho prazer a melodia/Ouvindo canto do violeiro,
De longe sentindo o cheiro/Do café que mãe fazia.
Eu vivia sempre a cantar/Pelas ruas limpas da cidade,
Em minha pequena idade/Comtemplando luz do luar
Quantas vezes a meditar/Nas coisas que tanto queria,
E então o que mais faria/Para eu ficar meu dia inteiro,
Sonhando sentindo cheiro/Do café que mãe fazia.
Que logo tempo se passou/Minha idade foi chegando,
Se tudo foi se acabando/E hoje fiquei sem o seu amor,
E que na vida tudo mudou/Só restou essa melancolia,
Até mesmo minha poesia/Chega ao ponto derradeiro,
Eu morro sentindo o cheiro/Do café que mãe fazia.