DE POETA PARA POETA

Menino eu era, a mestra

de língua portuguesa

pediu uma redação.

Que falasse sobre

o que gostaríamos

de ser. Eu queria ser

um poeta. Li, porém,

um poema de Drummond,

que falava que era

impossível sonhar.

Mal meu, sonhei com

lentidão pela minha

estrada de vida.

Caminhei e caminhei

por vários caminhos

mantendo aceso

o sonho de ser poeta.

Hoje vejo que eu

devia ser poeta

o tempo todo que

gastei sonhando.

Porque Drummond

acabou confessando

que ele e a turma

dele achavam proíbido

sonhar aqui. E que deviam

fundar o Brasil. Ou fundar

ou inaugurar, e nós

os que amamos os

versos de Drummond

sonhamos só para

contrariar Drummond.

E aqui estou

sonhando que sou

poeta. Poeta!

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 12/05/2023
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