cortar a própria carne
sabes, quando se segue a vida clerical
que se deixe de amar, isso não é dito
é por isso que eu te conto, meu amigo,
a minha agônica experiência visceral
dado que, Platão, pra nós, é importante
não se deixa de platonicamente amar
qualquer moça que no nosso ser tocar
em meio a ordem da devoção vibrante
o voto casto é pelo reinado de Deus
conforme o conselho do Evangelho
mas será pleno na vinda, no mistério,
seremos como os anjos de Deus
mas na labuta da carne, no tempo,
a trilhar às sendas do Espírito
o ideal não é como o respiro
mas se faz na lapidação do “templo”
também, eu, em idos me encantei
por uma bela e ilustrada jovem…
na energia que aos corações movem,
mas os limites e as ordens respeitei
pouco tempo, da Igreja, o ministério,
exercia na força da apostólica efusão…
chegou o dia do sacrifício do coração
quando da dita, assisti o bom casório
mas olhando este passado, avalio
o quão bom e libertador isso me foi
posto que amar responsavelmente sói
quando à razão providente me alio
e a mão do jardineiro divino, Cristo,
cultivando seu jardim-pomar, segue…
da contumácia e do pó nos ergue
dando-nos, do seu lume, no Espírito
a semente que morre se faz fecunda
no mistério da grandeza que germina
o amor que liberta e não retém, origina
a eternidade das vidas mais jucundas