A fonte do amor
Por lá, foram vividos sonhos de verão
e frequentado por borboletas azuis,
onde corria uma doce fonte cristalina,
caminhando silente e vagarosa.
Foi lá onde construímos nossa ilusão,
como se fora um castelo solidão,
onde os pássaros estendem suas asas
cantando à luz do sol tornando tudo belo.
As folhas verdes farfalhavam ao vento
ondulando como as ondas do oceano
anunciando a chegada dos espíritos
e logo iam se distanciando.
Foi um dia à margem desta fonte
onde nos sentamos a apreciar a vida bela
que com ela construí meus sonhos.
Mas isso ocorreu em outros tempos.
Se alguém passasse por ali ia perceber
por entre um sonho que se revelava
um grande castelo ao soberano desejo
com torres elevadas sobre as nuvens
janelas iluminadas pelo amor
e no trono, minha deusa imortal
e um único servo a servi-la
sem servir-se antes dela.
Um dia, um vento desafortunado,
apressado do céu desceu, desceu...
e como um anjo mau caiu sobre ela,
alma minha, minha doce vida,
que ao céu foi chamada e eu na terra
fiquei a dor chorando por minha amada
a quem jurei eternamente segui-la,
sem mim, Deus resolveu arrebatá-la.
Hoje, ao lado do meu sonho acastelado
ergue-se triste e solitário um epitáfio,
guardado por um querubim e sua flauta
silenciosa, como se eterna noite fosse chegada
e quando lá retorno sem entender nada,
verto lágrimas, alimento a fonte
revivendo nela o sonho bom,
de uma história de amor amortalhada.