Um Desabafo
Querido amigo, você sempre me pergunta se estou bem... Toda vez, respondo com um involuntário “sim”, que na verdade não quer dizer nada. Provavelmente, você deve se perguntar: “ela está sendo sincera ou apenas educada?”. Pois, na maioria das vezes é somente por educação. De fato!
Há dias em que fico submersa no caos. A dor chega a níveis assustadoramente ...desconfortáveis. As crises de pânico têm se intensificado e quando elas me invadem, a garganta tranca e não passa um mínimo fio de ar. Sinto que vou desmaiar... Porém, continuo aqui.
Às vezes me sinto idiota, porque desejo ir embora, mas não tem para onde ir. Nenhum lugar desse universo vasto, me tornaria livre do meu inferno particular, que permeia minha mente, dia após dia, até o fim.
Eu sei que você, assim como as outras pessoas acreditam que o montante de remédios que tomo diariamente não me fazem bem, porém, sem eles eu estaria pior. Sem minhas doses de “morfina”, eu não levantaria da cama ou suportaria esboçar um sorriso às pessoas que esperam este gesto de educação.
E, sim, estou cansada, no entanto, não posso simplesmente “tirar férias”. Não é assim que funciona. Os dias tem sido exaustivos e juro que tento dar meu melhor, mas não sou nem a metade do que já fui. Estou cada vez mais me tornando um autômato, quase em estado vegetativo. E, meu caro amigo, perder minha identidade faz com que me sinta naufraga, sem rumo, sem destino. Agora sou nômade, um ser errante, que não tem certeza para onde seguir.
É que as pessoas dizem para seguir em frente..., mas não sei como fazer isso. Todas as estradas parecem escuras demais. Foram arrancadas três partes de mim e sem elas, meu ser, torna-se um sobrevivente e apenas isso. Entende? Sobrevivo, não vivo.
11/04/2023