RUAS

Ladrilhos são como lágrimas

das ruas que já passei.

Na rua dos lacrimejos

por um triz não me afoguei.

Na rua dos pessegueiros

nenhum fruto encontrei.

Encontrei uma flor morta,

foi o amor que não reguei.

Na rua das amorosas

rosas tenras eu furtei,

pra agradar linda morena

que no Itororó deixei.

Naquela rua da fonte

onde um grande amor jurei,

só restou uma saudade;

O beijo que não roubei.

E na rua dos poetas

quantos sonhos eu sonhei!

Sonhei fazendo poesias

e em meus versos te abriguei.

Só não foi pleno aquele amor

mas os versos publiquei.

Na rua dos alfarrábios,

esse amor eu expressei.

Ruas mudam com o tempo

e em quase todas já andei.

Livros abertos são ruas

onde aprendi e ensinei.

No caminho de Santiago,

rua da fé caminhei.

Não transportei as montanhas,

mas com fé as escalei.

Também continuo amando

e sei que sempre amarei.

Quando os olhos lacrimejam

é um velho amor que evoquei.

E na rua dos papiros

suspiro pelo o que achei;

Velhas histórias de amor

que já perdidas pensei...

Chegando à rua das rimas

sem saída me encontrei.

Já não tenho mais amores,

nem as rimas que abracei!

De JALopes. 2015

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 11/04/2023
Reeditado em 30/07/2024
Código do texto: T7761438
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