RUAS
Ladrilhos são como lágrimas
das ruas que já passei.
Na rua dos lacrimejos
por um triz não me afoguei.
Na rua dos pessegueiros
nenhum fruto encontrei.
Encontrei uma flor morta,
foi o amor que não reguei.
Na rua das amorosas
rosas tenras eu furtei,
pra agradar linda morena
que no Itororó deixei.
Naquela rua da fonte
onde um grande amor jurei,
só restou uma saudade;
O beijo que não roubei.
E na rua dos poetas
quantos sonhos eu sonhei!
Sonhei fazendo poesias
e em meus versos te abriguei.
Só não foi pleno aquele amor
mas os versos publiquei.
Na rua dos alfarrábios,
esse amor eu expressei.
Ruas mudam com o tempo
e em quase todas já andei.
Livros abertos são ruas
onde aprendi e ensinei.
No caminho de Santiago,
rua da fé caminhei.
Não transportei as montanhas,
mas com fé as escalei.
Também continuo amando
e sei que sempre amarei.
Quando os olhos lacrimejam
é um velho amor que evoquei.
E na rua dos papiros
suspiro pelo o que achei;
Velhas histórias de amor
que já perdidas pensei...
Chegando à rua das rimas
sem saída me encontrei.
Já não tenho mais amores,
nem as rimas que abracei!
De JALopes. 2015