Jamais.

Cruzei a porta.
Em silêncio.
Com passos contados.

Desci as escadas
Como um soldado 
que ruma para o fuzilamento.

O amor acabou.
As lágrimas secaram.
Não há mais esperanças.
Tudo feneceu
Como o pólen que não germinou.

Atravessei a rua.
Peguei um táxi.
O amarelo gritava em meus olhos.
O coração em taquicardia.
Falei ao motorista: Piedade, por favor.
E, aí ele sorriu.
E, respondeu que o aplicativo 
já tinha informado...

Não precisamos mais de palavras.

Comunicação é despicienda.

 

Bastam os aplicativos.
A inteligência artificial.
A Alexa me esperando ressuscitar
em minha humanidade patológica.

 

No futuro, tudo será automático.
Amar. Desamar.
Querer. Não querer...
E, diante tanta tecnologia.
O vetusto romance
viverá jamais.

 

Mentira.
Somos todos teimosos.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 31/03/2023
Código do texto: T7753368
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