LEMBRANÇAS DO PASSADO - PRESENTE

Já faz muito tempo que me encontro sentado,

pensamento distante, bem longe recuado,

tento encontrar no velho passado o eterno presente.

A mente se ausenta e procura nas brumas escuras do tempo

frases, pensamentos perdidos no ar.

Fechando os meus olhos, tento rever e sentir

lembranças fugazes, sem consistência que passam na mente.

Tento alcançar, recompor o passado, inútil, porém.

Sinto perfumes, odores que ficaram na mente,

Que, embora distantes no tempo, se encontram presente.

Fico sentado por horas a fio, vendo o pavio da vela queimar,

a luz muito fraca nem parece lareira que aquece lembranças.

Diviso na chama do fogo da vela lembranças perdidas,

esquecidas no tempo que revolvem amente que logo se apega.

Tento encontrar no eterno passado, o presente.

A luz se apaga e a mente procura no escuro a luz

que se foi com o fim do pavio que, por horas a fio, queimou.

Da infância ficaram apenas lembranças perdidas, esquecidas.

Retorno ao presente donde nunca saí e ouço distante

frases, sorrisos,choros e gritos oprimidos, perdidos,

sussurros, confusos murmúrios que passam e se perdem,

na louca procura, dentro da noite escura, sem vela, sem luz.

Levanto meus braços tentando abraçar a figura paterna,

que se aproxima de onde estou, penso ser sonho;

abro os olhos e perto de mim diviso no escuro uma criança,

que é a esperança do futuro presente, do passado distante.

E assim passa o tempo inimigo cruel, que gasta, vergasta,

corroendo lembranças,criando esperanças de um novo amanhã,

que chega bem cedo e provoca o medo do futuro incerto.

E volto a mim mesmo, destruo o passado distante,

tentando alcançar o que resta do futuro que se apressa

em passar pelo eterno presente, para ficar esquecido

nas brumas escuras, no beco estreito do tempo.

VEM-09/02/02

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 28/11/2005
Reeditado em 08/03/2009
Código do texto: T77358