Acaso
Hoje vejo o garoto perdido que achava que possuía a resposta
E que insistia que podia compartilhá-la
Como se toda equação derivasse da mesma premissa
Como se uma ideia que nasceu volátil tivesse que morrer fixa
Como se todos os caminhos tivessem um final lógico.
Mas nem sempre os ponteiros do relógio batem com a realidade
O que aqui é, talvez ali não seja
Nem toda dúvida gera uma certeza
E esta é a dádiva mais difícil de se adquirir
Nem todo lugar é seu, nem tudo seu estômago será capaz de digerir
O mais belo do acaso é a certeza do incerto
E como todo caminho parece findar com a escuridão
Mas nem tudo o que não vemos não existe de fato
Basta coragem e um punhado de tato
Para talvez entender sua situação
Daqui nada se leva, até mesmo porque chegou sem nada nas mãos;
Cada escolha é loteria, não caberia aqui melhor definição;
Teus passos só te sustentam porque todos eles atingem o firmamento;
Todo aquele que voa demais tem como destino o chão.
Não existe certeza. Viva de intuição.