SAUDOSISMO
Do velho poço nem água,
só lembrança
da roldana
tão cantante a desandar
Em dias primaverís
Buscando a vida em fundura
Que nunca pude medir...
O canto dos passarinhos
Sócios felizes da farra
Que a vida foi, sem limites
Zumzum de Abelhas e o berro
Da cabrita, generosa
Leiteira e mansa num canto
Ignorando o momento
O vento, o grito da mãe
Que me ordenava uma pressa
E dividia em fração
Imagem da cena bela
Toda a vida na janela
E eu prestando atenção...
Velho poço que persiste
Na minha imaginação
A forjar algum soluço
Dor de um mundo que se foi...
Hoje, memória somente
E essa tristeza mansa
Que acorda uma saudade
Dos meus tempos de criança.