*_ NUVENS DE UM CÉU QUE UM DIA FOI DOCE...

 

Eu sou a falta que faz quando repartiamos aquela rosquinha que apelidamos de nuvem comprada na padoca da cidade dos coqueiros...

Eu sou o sorriso congelado no tempo de sua memória quando encostado na cerca de arame do vale onde a vista se perdia.

Sou a falta de quando pegava você me olhando a limpar o carro a tardinha depois de um dia cansativo.

E ficava tentando imaginar o que pensava.

Foi você que me ensinou a amar as nuvens, lembra-se?

Seus olhos brilhavam e as estrelas não eram páreo para eles.

Sou parte dessas estrelas que sentado na praça, você no meu colo, outras vezes eu no seu, olhavamos o céu...divagando...fazendo planos como crianças grandes!

Eu sou tantas lembranças que hoje te aperta o coração como um alicate torquês.

Dos picolés Frutos do Campo a noite e das pamonhas quentinhas.

Das estradas e das comidas nas cidadezinhas perdidas no tempo nos interiorzinhos. 

Das palhaçadas que eu, muleque alegrava seu coração!

Fui tudo que você esperava e muito mais. Me deixaste parado na estrada da vida, com expressão de incredulidade, tudo pela lógica de caminhar sem que pudesse sequer compartilhar.

Pela tua paz!

E hoje você a tem, e ela está te matando, lhe tirando o pouco sopro de vida que resta, tirando o brilho de vida dos seus olhos.

Se sinto falta?

Não mais...

Fiquei esperando um pedido de desculpas e os dias foram passando como a nossa doce-nuvem.

Vimos estrelas como constelação nos olhos um do outro!

Sua partida foi muito dolorosa nessa minha existência, mas jurei pela terra que piso, que isso jamais aconteceria novamente.

Fico me perguntando se assim fez a mesma coisa com a Dama, a qual sonhamos juntos e que talvez ainda habite em você.

Seu orgulho vai te matar como matou toda sua realidade e lamento que termine seus dias apenas com as lembranças dos sonhos e com um punhado de certezas vazias...

Hoje eu sou películas de um filme que escorre se fazendo lágrimas enquanto olhas pela janela de tua casa, admirando o céu a distância em dias nublados ou noites estreladas, morrendo nas perguntas cuja respostas já estão dentro do seu coração...

E só escutas o silêncio da paz!

Você matou, mas também morreu...esse é o seu legado...sua escolha.

 

Sua história não tem vencedores...