Alma de Criança

Numa manhã, já bem adiantada, uma chuva caia,

Na rua a água que corria, pelo espaço o vento,

Eu sorria, lembrando da infância que longe seguia,

Querendo o deleite, mas o que tinha era um tormento.

O som que vinha lá de fora, a água caindo na bica,

Era uma tentação magnífica que vinha da alma,

Que impulsionava o corpo, mas a idade dizia fica;

Prevalecendo a alma, fui entrando com muita calma.

Era amável aquela sensação inigualável,

Lama aos meus pés, querendo sobre ela livre correr,

Mas algo muito forte me segurava estável,

A mente voava, eu andava, e voltava a viver.

Fui seguindo com um andar vacilante, tateante,

Sempre avante; a felicidade não tem fronteiras!

A alma pode, mesmo sobre um corpo oscilante;

Nesta hora a verdade e a mentira são traiçoeiras.

De volta, ao meu abrigo, seguro e realizado,

Sei que não era apenas chuva que caia, mas esperança,

Gotas que a alma incendeia, pranto do céu canalizado,

Molhando meu corpo de velho na alma de criança.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 28/01/2023
Código do texto: T7706075
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