CAPSULA DO TEMPO
Na cápsula do tempo
Visitei a minha infância
Lá continua todo intacto
O meu tempo de criança
Descendo morro abaixo
Rumo a gruta funda
Um frio na barriga
Montando de esquibunda
No carro de boi cantante
A carona mais gostosa
O retorno embora a pé
Servia de muita prosa
Banho de chuva no terreiro
Pelado feito adão
Sem censura ou resfriado
Envolto em emoção
No cajueiro feito saguim
Desafiando a gravidade
Até o galho mais fino
Loucura daquela idade
Na corrida de argolinha
Cavalo de pau e pé no chão
Pro acerto salva de palmas
Pro erro gozação
No encontro entre amigos
Crianças como eu
No tempo congelado
Ninguém envelheceu
Puro feito adão
Até ser seduzido
Ele por uma maçã
Eu prazo vencido
Muito mais a ser dito
Mas não vou me alongar
Quem sabe algum dia
Volto aqui pra contar
Rever cada canto
Como se lá estivesse
É viver novamente
Algo que não se esquece
Antônio Ribeiro
Cruz do Espírito Santo-PB, 31/05/2020