CAPSULA DO TEMPO

Na cápsula do tempo

Visitei a minha infância

Lá continua todo intacto

O meu tempo de criança

Descendo morro abaixo

Rumo a gruta funda

Um frio na barriga

Montando de esquibunda

No carro de boi cantante

A carona mais gostosa

O retorno embora a pé

Servia de muita prosa

Banho de chuva no terreiro

Pelado feito adão

Sem censura ou resfriado

Envolto em emoção

No cajueiro feito saguim

Desafiando a gravidade

Até o galho mais fino

Loucura daquela idade

Na corrida de argolinha

Cavalo de pau e pé no chão

Pro acerto salva de palmas

Pro erro gozação

No encontro entre amigos

Crianças como eu

No tempo congelado

Ninguém envelheceu

Puro feito adão

Até ser seduzido

Ele por uma maçã

Eu prazo vencido

Muito mais a ser dito

Mas não vou me alongar

Quem sabe algum dia

Volto aqui pra contar

Rever cada canto

Como se lá estivesse

É viver novamente

Algo que não se esquece

Antônio Ribeiro

Cruz do Espírito Santo-PB, 31/05/2020

ANTÔNIO RIBEIRO
Enviado por ANTÔNIO RIBEIRO em 17/01/2023
Reeditado em 17/01/2023
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