quantas lembranças ainda me restam?
as águas tranquilas que hoje refrescam
também podem trazer afogamentos.
e que calor teria a amizade mais sincera
senão fosse a verdade tão fria da solidão?
ainda posso, como o homem que vejo
toda manhã diante do espelho,
ter o prazer violento que é o amor
ao sereno?
quando todos dormem
e meus pensamentos pesam meus olhos,
aquelas águas já nadadas. . .
e meus sorrisos disfarçam nenhum incômodo
que o verbo não dê conta.
e a vida é tão passageira
quanto as rugas que cobrem a barba.