Saudades da simplicidade
Houve um tempo em que a simplicidade
Do bule de café no fogão a lenha
Era a melhor coisa a se ver na roça
Assim dizia vovó que Deus a tenha
O fogo queimando os gravetos
As galinhas catando milho no terreiro
Que saudades que tenho
De meu pai velho guerreiro
Não fui criado na roça
De lá saí muito cedo
Vim para a cidade grande
Onde mamãe nós criou sem medo
Mas ano ou outro visitava
Os parentes lá na lavoura de café
Saíamos da cidade grande
Com Deus e nossa fé
Andávamos da beira do asfalto
Pelas estradas de chão duro
Onde a poeira levantava com o passar dos carros
É verdade o que digo eu juro
Mamãe levava no colo a caçula
Papai agarrava pela minha mão
E éramos felizes correndo pela estrada
Até chegar lá em São Simão
Saudades da simplicidade
Dos tempos que não tinha celular
Para tirar da família a reunião
E um com o outro a se falar
Hoje os textos de aplicativos
Dividem o espaço na mesa
De um lado papai sentado
Do outro mamãe e sua delicadeza
Na sala o filho jogando
No quarto a irmã fofocando
E nenhum com o outro
Sobre seu dia conversando
Saudades da simplicidade
Dos tempos do banco na beira do fogão
Onde vovó e vovô se esquentavam
E jogavam conversa fora então.