O OLHAR DA ATRIZ

 

Eu tinha o retrato,

Da Eva Wilma, colado,

Na parede do meu quarto,

No quarto da minha adolescência,

Eu olhava, admirava,

Fazia reverência,

Eu era apaixonado,

Pelo olhar daquela atriz,

Um olhar transcendente,

Preenchia o ambiente,

Com fluente matiz,

Um olhar solidário,

Ao meu olhar solitário,

Perdido, compacto.

Não era bem um retrato,

Era um recorte da revista Contigo,

Mas, para mim, era ela,

Soberanamente bela,

Ali, comigo,

Era uma espécie de encantamento,

Um sentimento que crescia,

Tornava o meu dia a dia,

Platonicamente feliz.

Eu tinha mais do que uma gravura,

Será que era loucura?

Na minha mente,

Ela era uma residente,

Diva, divinamente minha,

Por fora das entrelinhas,

E não havia quem dissesse o contrário,

Eu cria naquele olhar sacrário,

Cenário de romântica poesia,

A utopia era minha lei.

...

Vento que expurga a rua,

Tempo que se avizinha,

Passa – passou...

Eu mudei

Muita coisa mudou,

Mas, o olhar da atriz continua,

Presente na “parede da memória”,

Faz parte da minha história.

- - - - - - - - - - -

foto

Jacó Filho

A LUZ DO OLHAR

 

Se os olhos são portais,

Pro mundo das fantasias,

Mesmo em cartões postais,

Inspira belas poesias...

Fazendo fluir amor,

al e qual a linda flor,

Que quem recebe quer mais.

E não falta simpatia,

Se os olhos são portais,

Pro mundo das fantasias...