Sorte de quem a teve...
Um vestido preto, com flores no barrado.
Pés no chão, dançando uma felicidade menina...
Cabelos anelados, de lado, semi presos.
Brincos de argolas, perolinhas...
Brilhinhos que adoram a pele, perfumada com a doçura de um cheiro que fica na roupa.
A mulher de olhos castanhos esverdeados fecha os olhos enquanto ouve a música preferida.
E sonha... Sonha feito adolescente!
Como se tivesse quinze e estivesse conhecendo o amor da meninice...
Ri, chora, escreve, coleciona canetas e cicatrizes.
Canta desafinado, tem medo e coragem.
Sacanagem ser tão forte o tempo todo, menina!
O mundo acaba esquecendo que você também tem sentimentos!...
E agora, o vestido está nos pés da cama.
A música toca baixinho no fone de ouvido...
O batom está guardado na caixinha de música.
O brinco de argolas grande deu lugar para a orelha lisa, sem acessório.
Os pés não dançam mais.
Os olhos castanhos esverdeados só observam, esperando decorar na memória cada momento doce.
A doçura hoje ficou só nas travessuras já feitas, quando era possível!
Sua nova realidade é outra!
E hoje ela se vê sozinha, de alma!
Ficaram poucos, foram-se quase todos os que diziam estar ao lado...
Os olhos, estão perdendo além do brilho, a capacidade de ver.
Ela já não quer dançar, seja com fone!
Só sente no peito os sentimentos mais profundos!
Porque a menina ainda está viva, no fundo d’alma!
E pouca gente conhece a meninice dela...
Onde o sorriso e as lágrimas são juntinhos.
Onde a doçura e a braveza, a força e o colo...
São parte do pacote!
Sorte de quem teve tempo de tudo isso com ela!...