Caladas Falem đŸ€

 

LĂĄ estava eu passando pela movimentada avenida,

quando te vi atrĂĄs do portĂŁo, uma pequena menina,

com os olhos tĂŁo entristecidos me olhando

como se estivessem comigo falando.

 

Um olhar gritando por socorro sem cor.

É uma criança triste a cada soco da dor.

Ei criança, o que aconteceu com vocĂȘ?

AlguĂ©m te violenta discretamente ou o quĂȘ?

 

NĂŁo me pareceu um olhar de tristeza meramente comum,

Mas me senti culpada diante de ti, pois sou qualquer um.

Na minha cabeça, eu estaria te estimulando

a conversar com estranhos e por isso, segui passando.

 

Hoje me arrependo...

 

Na Ă©poca, eu nĂŁo dei a ti a devida importĂąncia,

mas após ver o tanto de criança violada, sinto ùnsia

de te procurar em todo o canto até nesse mundo encontrar

e um interesse humano profundo demonstrar.

 

Sabe, tĂȘm tantos pais preocupados que acreditam na estratĂ©gia da violĂȘncia

Como melhor forma de ensinar, pois a fria advertĂȘncia,

Segundo eles, pela culpa ou vergonha a educaria,

Mas nĂŁo pensam se com isso te entristeceria...

 

Crianças assim como vocĂȘ todos os dias, lamentavelmente, sofrem sozinhas

Em suas casas sem ninguém, minimamente, fazerem companhia

Como se fossem prisioneiras das hierarquias e posiçÔes fechadas

que as fazem permanecerem sem autonomia nem empatia caladas.

 

Por trĂĄs da grade,

calada vocĂȘ falava...

Por trĂĄs da face,

eu sei que vocĂȘ chorava...

 

E eu sĂł queria poder

dizer

a ti

que eu estou aqui...

Beatriz Nahas
Enviado por Beatriz Nahas em 28/10/2022
Reeditado em 05/06/2023
CĂłdigo do texto: T7637905
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