Uma carta para uma escritora
Hoje, olho para o passado
e vejo,
o quão forte me tornei.
Vejo as decisões tomadas,
os caminhos percorridos,
as perdas e conquistas.
Olho para trás e tenho orgulho da minha trajetória.
Saudades da minha infância e adolescência.
Porque crescer envolve despedidas, renúncias e frustrações?
Um dia um estranho me perguntou: do que você foge?
E eu fiquei repensando essa pergunta, e vejo que não tenho resposta.
Sinto como se eu não fizesse parte desse planeta.
Sou muito mais do que pontos, vírgulas e gramática.
Quero sair e ao mesmo tempo, quero ficar em casa.
Quero estar junto e sozinha.
Quero esse planeta, ao mesmo tempo que anseio por novas constelações.
O frio na barriga já não é mais o mesmo.
Será que mais um amor se perderá pelo caminho?
Acho que bem lá no fundo do meu coração, eu ainda te espero.
Quantas vezes achei que havia te encontrado!
Logo você que se resume a me visitar em sonhos.
Outro dia sonhei com você.
Eu rezei para não acordar.
Será que é você que está à minha espera, ou não passa somente de uma lembrança do meu outro ser?!
Não sei que rumo tomar, todas as investidas estão frustradas.
Você não me compreende, não sonha comigo.
Minhas expectativas e objetivos divergem de seus atos.
Ser, estar, sonhar, viajar, sentir, amar, não são somente verbos no infinitivo.
Fugir de mim mesma é necessário.
Pobre escritora que enfeita palavras bordadas de incertezas e sonhos antigos!
Pobre de mim que não sei para onde ir!