AO POETA JOÃO BATISTA DE SIQUEIRA

Patativa do Assaré. O poeta que escreveu Triste Partida, gravada por Luiz Gonzaga, assim Patativa também apreciou os versos de Canção, ficou tão impressionado pelas rimas do poeta cantador, que resolveu lhe homenagear com seu maravilhoso poema, dedicado ao cancioneiro João Batista de Siqueira – (Canção). Assim concluo minhas homenagens a esses dois maravilhosos poetas, que deixaram seu nome escrito, fulgurando por toda eternidade e hoje cantam suas canções no paraíso que Deus reservou para eles.

AO POETA JOÃO BATISTA DE SIQUEILRA – (CANCÃO) - Autor do Poema: Patativa de Assaré

Não está no gesto escrito

Qual a pessoa feliz

Pois muitas vezes o dito

A verdade contradiz.

Às vezes vem um sorriso

Disfarçar um prejuízo

Sempre houve contradição

Entre a grande humanidade

Vou provar esta verdade

Caro poeta Cancão.

No meu modo de julgar

Tenho Deus por testemunha

É mesmo de admirar

O erro da tua alcunha

O teu vulgo está oposto

Ao grande prazer e gosto

Que a tua musa nos dá

Eu não te julgo Cancão

Na minha interpretação

És um grande sabiá.

Esta suave ternura

De tua musa sublime

Nos afugenta a tortura

Do pranto que nos oprime

Estas jóias cintilantes

De teus poemas cantantes

Para mim são obras-primas

Quer no prazer quer na mágoa

Tu fazes de um pingo de água

Um oceano de rimas.

Compondo a beleza rara

Da poesia sonora

Tua noite é sempre clara

E o teu dia é sempre aurora

Pois, mesmo sendo Cancão

Gozas da mesma atração

Do famoso uirapuru

Teu verso causa ciúme

E possui mesmo o perfume

Das flores do Pajeú.

Colhendo o mais puro suco

Das rosas do teu rincão

Tu cantas o Pernambuco

Teu glorioso Leão

Cantas a crista do monte

E o choramingo da fonte

Das luzes mais protetoras

Já nasceste iluminado

E serás sempre lembrado

Pelas gerações vindouras..

Com um primor estupendo

O teu livro nos aponta

A tarde que vai morrendo

E o dia quando desponta.

Teu verso sentimental

De beleza natural

Entra em nosso coração

Com amor e complacência

Tem das flores a essência

E a doçura do perdão.

Poeta de alma sentida

Tu vives entre os primores

Honrando a terra querida

Dos famosos cantadores

Uma brisa benfazeja

Sobre o teu estro bafeja

Tu és com amor e fé

Orgulho de tua gente

E serás eternamente

A glória de São José.

Te fornece com bondade

O espírito que te guia

A franca espontaneidade

Desta tua poesia

Poeta predestinado

Teu sonho é sempre dourado

Quando leio os versos teus

Sinto o suave perfume

E vejo no teu volume

O santo dedo de Deus.

Nos teus versos, caro amigo

Que jorram como a nascente

A gente sente contigo

Tudo que tua alma sente.

Com inspiração divina

A tua lira domina

O vale, o sertão e a serra

Com melodias infindas

Colheste as flores mais lindas

Que o teu Pajeú encerra.

A tua imaginação

Tem um amplo repertório

Canta, canta, meu Cancão

De um vulgo contraditório

Pois mesmo com este nome

Não há no mundo quem tome

Isto que a tua alma encerra

Tu tens o canto saudoso

Do sabiá sonoroso

Das plagas da nossa terra.

PATATIVA DE ASSARÉ
Enviado por João Nunes Ventura em 28/07/2022
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